segunda-feira, 24 de junho de 2013

HOMENAGEM A UM BRASILEIRO QUE NÃO CONHECI, MAS QUE ESTIMARIA TER CONHECIDO


GIGANTES BRASILEIROS DESCONHECIDOS



O Militar que era o Máximo!


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
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Por Jorge Serrão – 
serrao@alertatotal.net

Imagine uma mobilização para realizar, em plena Praça da Cinelândia, em frente ao prédio do Clube Militar, no Centro do Rio de Janeiro, um Curso Popular sobre a Amazônia, concedendo certificado a quem tivesse o mínimo de 75% da frequência. Uma das minhas maiores alegrias é ter este diploma.

Detalhe fundamental: antes da aula começar, três tarefas. Primeiro, saudar a Bandeira do Brasil. Em seguida, entoar a canção “Fibra de Herói: Se a Pátria querida/ for envolvida/ pelo inimigo/ Na paz ou na guerra/ defende a terra/ contra o perigo/ Com ânimo forte/ se for preciso/ enfrento a morte/ Afronta se lava/ com fibra de herói/ e gente brava./ Bandeira do Brasil/ Ninguém te manchará/ Teu povo varonil/ Isto não consentirá/ Bandeira idolatrada/ Altiva a tremular/ Onde a liberdade/ É mais uma estrela a brilhar”. Logo depois, o Hino Nacional...

Nestes tempos de manifestações e mobilizações vale a pena lembrar da façanha cívico-acadêmica do Coronel Francimá de Luna Máximo, lá em meados do ano 2000, em uma “ação de rua” do Movimento Nativista e do Núcleo de Estudos Estratégicos Mathias de Albuquerque (NEEMA). Na foto acima, o professor Máximo em ação, popularizando conhecimentos acumulados ao longo de sua vivência e estudo...

No dia 15 de junho passado, Deus levou o Máximo para servir no grande quartel celestial. Acatei, mas fiquei profundamente triste com a promoção divina dada a um dos meus mais próximos e maiores amigos de verdade. Mas compreendi a providência de Criador, pela luta terrível que Máximo travou contra um tumor no cérebro. O consolo é que, nem com a morte, a maligna doença conseguiu deter a inteligência do Máximo – que resistiu, otimista, como um bravo combatente. E a máxima vitória do Máximo é que suas ideias e ideais permanecerão mais vivos que nunca.

Todas as gerações de patriotas brasileiros devem render homenagens permanentes ao Coronel Máximo. O cabra paraibano tinha pelo menos três virtudes máximas: coragem de fazer a coisa certa, custe o que custar; visão democrática do patriotismo; e reta consciência acerca do equilíbrio entre os valores humanos, materiais e espirituais.

Como um dos símbolos da Brigada Paraquedista do Brasil – da qual presidiu a Associação de Veteranos e é um dos autores de livros e instruções sobre a queda livre nos céus -, Máximo fazia jus ao lema “Brasil Acima de Tudo” – que muitos usam sem entender o verdadeiro e original significado.

Máximo teve um papel histórico importantíssimo, porém pouco conhecido, na mal contada História do Brasil. Nos idos de 1968, ele foi um dos militares de frente da chamada “Centelha Nativista”. Foi um movimento que quase mudou os rumos do Brasil.

Quando morreu o Marechal Costa e Silva, temendo o vácuo institucional que se abria e o avanço da guerrilha urbana, os militares nativistas tentaram “um golpe” para colocar na Presidência da República o General Afonso Augusto de Albuquerque Lima. Os nativistas chegaram a tomar a Rádio Nacional e até ocuparam militarmente a mansão do jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, no Cosme Velho – coisa  nunca contada na mídia, nem na biografia do “Doutor Roberto”.

O ato não deu certo. O General Hermes Lima – que pretendia uma abertura do regime – preferiu não alimentar um confronto interno nas forças armadas e recuou. A chamada “Linha Dura”, temendo um golpe dentro do movimento de 1964, baixou aquilo que seria a maior desgraça para o Brasil: o Ato Institucional número 5, na azarada sexta-feira 13 de dezembro de 1968, lido pela voz pesada de outro grande amigo meu, o locutor Alberto Curi – já falecido.

A burra censura – uma das marcas do AI-5 – certamente impediu que tal versão sobre os nativistas viesse à tona. Como tinham prestígio e muita influência no Exército, os militares da Centelha Nativista perderam a guerra, mas não totalmente a batalha. A maioria de seus membros acabou “promovida” a “servir na Amazônia.

Só um dos oficiais que participou daquela manobra chegou a General – assim mesmo de Brigada... Só que a pressão nativista impediu a vitória completa dos adversários internos. O General Emílio Garrastazu Médici – que era contra o AI-5 – foi eleito Presidente. Para má sorte do Brasil, Médici tentou, mas não conseguiu revogar o ato 5. E hoje a historiografia burra e mentirosa da canhota o pinta como “ditador selvagem e sanguinário” (coisa que Médici nunca foi, nem quis ser). Recomendo o livro "Médici, a verdadeira história", de Agnaldo Del Nero Augusto (BH, Editora Formato, 2011).

Máximo aprendeu muito com seus anos de Amazônia. Chegou a fazer o curso de Estado Maior para o generalato. Mas a participação ativa na centelha nativista nunca foi perdoada, e o Brasil perdeu a chance de ter um General com o mesmo nome de guerra daquela famoso “guerreiro” romano. Friso a expressão guerreiro porque um dia, quando chamei o Máximo disto, levei uma bronca imediata: “Porra, Serrão, não me xinga: Guerreiro é baderneiro. Militar de verdade é Combatente, soldado para sempre!”.

Não tive a honra de servir ao Exército. Já trabalhava em jornal no tempo do alistamento, e só escapei por milagre do CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva). No entanto, tive a felicidade de ser um fiel soldado do Máximo na infantaria onde aprendi a lutar desde 16 anos de idade: o jornalismo. Colaborei com o Máximo em sua “aventura” (assim ele dizia) de editor responsável por um jornal de grande influência nos meios militares: O FAROL – Brasil Acima de Tudo”.

Como sobrevivia em outros veículos da mídia profana, o Máximo me impunha uma tática de segurança para não ser identificado como colaborador dele na edição, diagramação e impressão do jornal nas gráficas do Jornal do Commércio e, depois, na da Folha Dirigida. Deveria usar um codinome. E era assim que eu “aparecia” no expediente d´O FAROL. O Máximo se divertia...

Só alguns colaboradores daquela ousada publicação sabiam da minha real existência. Adriano Benayon, General Andrade Nery, General Geraldo Nery, Almirante Gama e Silva (recentemente falecido), Coronel Brilhante Ustra, Coronel Ernesto Caruso e Coronel Frederico Pamplona. Este último, já falecido também por um violento câncer, era um gênio que destoava dos demais por um detalhezinho: era um marxista... O Máximo morria de rir com a história: “Dane-se a ideologia do cara, o importante é que ele é nosso amigo e um indubitável patriota que quer ver o Brasil no seu lugar certo”.

Da mesma forma como editou O FAROL, Máximo comandou o Núcleo de Estudos Estratégicos Mathias de Albuquerque. O NEEMA produziu importantíssimas Coletâneas sobre a Amazônia – com informações inéditas e valiosas para os brasileiros entenderem por que devemos ocupar e conservar aquela região cobiçada pela oligarquia financeira transnacional.

Nestas coletâneas e da série de programas sobre Amazônia, que produzimos na Rádio Carioca, Máximo deixou botar meu nome. Um detalhe curioso é que a editora que publicava o FAROL e as coletâneas, criada pelo Máximo, tinha um nome poderoso. Editora Tauari. O termo designava, segundo Máximo, a madeira mais resistente da Amazônia: “Nem prego dava para enfiar nela...”

O Máximo se foi em seu estado físico. Mas seu espírito continuará solto, em saltos livres na mente daqueles que alimentam e reta consciência patriótica. Estava devendo este texto ao Máximo – que preferiu nunca publicar um texto aqui no Alerta Total, onde sempre foi colaborador. Máximo foi um irmão, um amigo e um verdadeiro pai para mim – que perdi o meu original aos 10 anos de idade. Aprendi muito com ele e sou grato a Deus por isto.

Militares não precisam ser o Máximo. Ele era único. Mas todos que amam o Brasil – militares ou civis - podem fazer um mínimo para colocar este País no caminho da Nação que merece e tem condições de ser.

Brasil Acima de Tudo, Máximo! Descanse em paz que a gente segue por aqui na batalha Nativista, cuja centelha nunca se perderá.

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

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