sábado, 16 de fevereiro de 2013

Vida, um produto do universo, não um milagre

Um ensaio sobre a possibilidade de vida extraterrestre, numa análise de diversas afirmações


             *NOTA DO ADMINISTRADOR DO BLOG GRIFAO:

Busco, diante da grave conjuntura brasileira com a Nação tomada por administradores da coisa publica no mínimo corruptos por omissão, e no mais corruptos por ação -protegendo ladrões do Erário Publico- promovendo aberta impunidade de comparsas, esquecendo deliberadamente das necessidades do povo como um todo, deliberada e criminosamente solapando as Forças Armadas não só pelos baixos soldos, promovendo também o enfraquecimento da estrutura militar pelo não reaparelhamento mínimo dessas Forças, também promovendo a desindustrialização da Nação, prestigiando nações estrangeiras especialmente a China, promovendo intensas importações dali, inclusive bugigangas e quinquilharias, repito, busco prestigiar Homens e Mulheres de discernimento, bom senso, cultura e alto intelecto que poderão vir a se constituir em futuro próximo, numa mudança da situação, forças e recursos para o retorno do Progresso com Ordem. Nem sempre, humanos e formações diversas, concordamos integralmente uns com os outros, coisa irrelevate sugiro, pois no principal estamos concordes.*


Seguidamente vemos afirmações da impossibilidade ou extrema raridade da vida pelo universo – seja isto em que escala for e seja vida o que possa ser – e até mesmo em nossa galáxia, da raridade de planetas tais como a Terra, da raridade de estrelas tais como o Sol, da raridade da conjunção de condições para a formação da vida tal como a conhecemos e da dificuldade dos processos que formaram a vida a Terra se repetirem.
Muitas destas argumentações são bem construídas, e apresentam pontos com os quais concordamos em grande parte. Mas em determinados outros pontos, discordamos completamente.
Para apresentar e sustentar os pontos nos quais discordamos, teremos de analisar tais afirmações, e realizar tais coisas por partes, e inclusive, definir termos, desde o próprio título deste texto. Após fazermos isto, pretendemos que se entenda que dizer “raridade” para a vida é algo razoável, porém em determinados níveis arriscado, e dizer “impossibilidade”, é quase um absurdo.
Alguns princípios de Filosofia da Ciência
A ciência não é contrutivista (no sentido de construtivismo lógico-matemático), é formalista, e sobre formalidades se constrói. Não parte de raciocínios puros, ainda mais sobre premissas duvidosas para fazer afirmações. Não se constrói a partir de modelos o que seja o comportamento da natureza. Se conjectura modelos a partir de hipóteses, os construímos com matemática aplicada e então, se verifica se a natureza os segue, “obedece” (percebam-se as aspas) aquele modelo. A natureza não é matemática, é natural, é apenas modelável por matemática aplicada, e limitadamente.
Uma definição de vida
Antes de qualquer coisa, tratemos de alguns pontos em filosofia da ciência, úteis à questão.
Seguidamente, argumentadores contra a possibilidade de vida pelo universo afirmam que não se pode fazer afirmações sobre tal cientificamente porque não existe evidência alguma de vida além da terrestre. Nada mais errôneo.
Por este mesmo raciocínio, não poderíamos fazer afirmação alguma sobre a órbita de Plutão além do já observado, pois sua descoberta se deu em 1930 por Clyde Tombaugh, há 80 anos, e portanto, sendo sua órbita calculada em 248 anos, ainda não teríamos condições de dizer como é sua órbita. Por raciocínio similar, as consequências dos modelos de comportamento estelar e do lendário artigo B2FH seriam não científicas, pois não acompanhamos uma estrela em toda sua vida nem a temos, obviamente, em nossos laboratórios. Nem falemos então de boa parte da Cosmologia, ou das meias-vidas de centenas de milhões de anos de isótopos, pois jamais medimos mais que século de seus decaimentos.
Aqui tem-se de entender que ciência não é a afirmação da verdade ou da evidência inequívoca, mesmo da experiência realizada, mas sim a afirmação daquilo que jamais se evidenciou diferente e do modelo útil para prever-se o comportamento da natureza.
Teorias científicas – na definição mais completa – não são, por sua vez, o “conjunto organizado e relacionado de afirmações da verdade”, mas o conjunto de hipóteses que tem sobrevivido à experimentação e a observação. É uma “estrutura de afirmações”. Aqui, teríamos de ultrapassar Karl Popper, que é sólido, e passar para Thomas Kuhn e outros, onde a coisa se complica, mas não volta atrás.
Entre estas afirmações, jamais fazer as baseadas no transcendente, além do demarcatório como científico, ou absolutas, em modus ponens, em contruções lógicas conclusivas sobre premissas absolutas.
Portanto, quando afirmamos que vida é possível (ou mesmo muito possível) fora da Terra, não estamos fazendo uma afirmação absoluta, de certeza, mas sim, que sob todas as variáveis, nada apresenta-se na física e química, e sua consequente bioquímica, que permita que se afirme o contrário. Independente disto, a afirmação “só existe vida na Terra”, correlata a “não existe vida fora da Terra”, é uma afirmação realmente não científica, pois além de ser absoluta, exatamente parte de uma não análise do que seja vida, e normalmente por quem a afirma, vem junto com uma falácia da inversão do ônus da prova, pois exatamente pelo mesmo motivo alegado, estes teriam de mostrar evidências, e pelo universo todo, de que vida não existe além da Terra, o que rapidamente percebemos como uma impossibilidade – numa visão de uma Filosofia da Ciência, pela experimentação e observação direta mais aos moldes de Karl Popper. Mesmo dentro de uma perspectiva mais flexível, aos moldes de Thomas Kuhn, de uma estrutura de afirmações que construa ciência útil, a afirmação de negação é perigosa, pois como veremos, coisa alguma em biologia terrestre, na química e na física nos permite afirmar que vida não exista a não ser na Terra.[1][2][3][4]
Infelizmente, por questões de simples capacidade, não pode-se fazer afirmações sobre vida em outros mundos mais que uma até divertida Filosofia Natural, pois não podemos observar nem mesmo ainda com confiabilidade uma atmosfera oxidante em planeta ou satélite extrasolar, massas de vida que produzam espectro orgânico típico, nem muito menos um grande ser vivo, quanto mais uma mínima bactéria. Mas podemos fazer ciência sólida e confiável ao analisar a constituição mais básica dos seres vivos terrestres e sua formação a partir do ambiente geológico, da agregação de corpos celestes como os planetas e os satélites, das estrelas e suas vidas, com vistas, a por similaridade, chegar-se a poder fazer afirmações que tratem de possíveis seres vivos fora da Terra. David Grinspoon, um astrobiologista, afirma que astrobiologia é um campo da filosofia natural, uma especulação embasada sobre o desconhecido, por meio de conhecidas teorias científicas.[5]
Portanto, é uma falácia questionar-se, para sustentar que vida seja rara: “por que não detectamos nenhum traço conclusivo de vida?”
A vida não é detectada porque seus sinais não são ao menos detectáveis no momento, por distâncias e as correlatas dificuldades de observação/detecção. Por argumentos indutivos deste, “ao não se detectar, não existe”, o raciocínio é uma falácia aos moldes da chamada “declive escorregadio”. Em outras palavras, afirmar que se vida existe, “deveriamos ter detecções de vida no universo”, implica, ao se desprezar as atuais dificuldades de detecção, que por similaridade, os ornitorrincos não existiam antes dos europeus conseguirem chegar na Oceania.
Mais que tudo o apresentado, repitamos, resumindo-se: ciência não afirma quilo que é, mas aquilo que jamais se evidenciou diferente.
A primeira pergunta que temos de responder é o que seja vida. Não podemos ainda fazer uma afirmação sobre o que seja vida sem nos basearmos na única forma de vida que conhecemos, obviamente, a da qual fazemos parte, a terrestre.
Sobre a definição agora já clássica da NASA: “Vida é um sistema químico autosustentado capaz de sofrer evolução Darwiniana“, podemos fazer uma redução, pois não estamos interessados neste artigo em dizer que bactérias extremamente simples chegaram a similares de elefantes, golfinhos, ursos ou cavalos, os mais complexos seres vivos do planeta, nem mesmo em macacos pelados que façam lanças de lascas de pedras e gravetos. Estamos interessados em vida, a mais simples, e podemos cortar a evolução, pois em suma, não estamos interessados em modificação no tempo e possível complexação.
Por uma definição simplificada e modificada da acima, podemos dizer com segurança que vida é um conjunto de espécies químicas, que são moléculas, átomos e íons, em sistemas conjuntos de reações, o que as fazem espécies químicas colaborativas, ou mais simplesmente, moléculas colaborativas, em fluxo de energia (um sistema químico, conforme a NASA). E tal sistema de moléculas colaborantes possui a capacidade, na Terra, de reproduzir-se, de auto-replicar-se (pode-se imaginar um sistema químico que apenas se forma e se perpetua, imutável).
Esta definição, ainda que seja simplicista, inclui tudo que necessitamos, pois nada em vida tal como a conhecemos inclui mais que as moléculas em colaboração que compõe um ser vivo, desde os mais simples (e estes serão os que mais nos interessarão) até os mais complexos, que na Terra são apenas um aglomerado especializados dos mais simples, a plena análise. Noutras palavras, uma célula ou um conjunto de células não são mais que a bioquímica que o compõe, e um ser vivo, não mais que o conjunto de suas células (por mais complexo, organizado e especializado que tal conjunto seja). Noutras palavras ainda, toda a biologia pode ser analisada a partir da bioquímica que a forma (como o objeto bioquímico, a química da vida) e a estuda (a bioquímica como ciência).
Claro que ninguém tratará por bioquímica uma manada de elefantes ou a especiação em uma população de flamingos, pois seria um excesso de detalhamento nestes modelos. Mas na intimidade, na base de tal tratamento, estarão mecanismos e modelos que são bioquímicos, que estarão apenas subentendidos no tratamento por modelos mais adequados e amplos.
Antes de avançarmos, mais análise sobre determinadas afirmações.
Um falso juízo que seguidamente é feito é: “partir-se da molécula orgânica para a vida é um passo muito maior.”
Moléculas orgânicas associadas são vida. Repetindo noutra forma: vida não é mais que moléculas associadas. O termo associado pode implicar um enorme conjunto de específicas reações e sistemas dinâmicos de associação. A associação se dá por combinatória específica e orientada por rígidos mecanismos – e a escala de reagentes no mais amplo quadro é geológica – e o início – start, a ativação – de mecanismos, pela energia livre de Gibbs[Nota 1], em fluxos diversos de energia disponível, sempre abundante das estrelas e dos geologismos.
Notemos, nesta definição, que um arranjo de átomos, apenas afirmado como tal, não é vida, pois não é um sistema de moléculas colaborantes. Quando se afirma um arranjo de átomos, como o é qualquer cristal, uma rocha, e até muito ordenadamente um diamante ou grafite, com exemplo marcante pois possuem o carbono, “pula-se” o que seja um sistema de reações, e a já citada colaboração. Um diamante após formado por pressões colossais passou milhões de anos sem um conjunto significativo de reações químicas, até em sua superfície. A bactéria de metabolismo mais lento não passará um século sem um conjunto de reações, em todo o seu sistema químico. E um cristal em formação não apresentará um fluxo de energia que perpetue seu sistema de reações – se é que este existe, pois a cristalização pode se dar sem uma única reação química, apenas com fenomenologias físico-químicas. Tal cristal absorverá ou libertará energia e se estabilizará num estado o mais estável possível naquelas condições. A bactéria mais simples e de metabolismo mais lento manterá uma produção de componentes, se reproduzirá e processará até minerais do meio (incluindo cristais) perpetuando seu sistema, que se manterá em equilíbrio dinâmico.
Aqui, observemos, quem afirma que vida seja algo mais que moléculas organizadas e seus mecanismos que está com o ônus de demonstrar tal afirmação. Por outro lado, quem exige que se mostre que não exista algo mais incide no demonstrar da inexistência de algo, e portanto, exige uma impossibilidade, já que provar a inexistência de algo é impossível, como bem ensina o “bule de chá de Russel”. Vida é definível termodinamicamente, algoritmicamente, e em nenhum momento, estudo científico algum atual vai a tratar como algo mais que a organização das moléculas e dos sistemas de suas reações.
Nesta definição de vida, deve-se destacar, não pode-se incluir nuvens de gás no espaço que apresentem sistemas de reações constantes sobre grande fornecimento de energia. A definição de vida aqui, trata de reações que ocorrem dentro de parâmetros de temperatura, radiação e em moléculas produto (produtos de reação) que se perpetuem estritamente. Exemplificando de maneira simples, sistemas de equilíbrios entre óxidos de nitrogênio, mesmo quando se considera temperatura e pressão, só ocorrem num predominante sentido, dentro de um único conjunto de equilíbrios possíveis. Portanto, vida ser determinado processo – um sistema de reações de determinadas moléculas – já implica em estar nas condições em que tal processo ocorra, quimicamente falando. Noutras palavras, não podemos considerar um sistema em equilíbrio permanentemente sendo ionizado por intensas radiações e nem por temperaturas de centenas de graus, pelos rompimentos de moléculas pela radiação e agitação/colisões térmicas.
Destaque-se que hipóteses sérias e modelos de possíveis formas de vida não baseadas em carbono são propostas, em especial, nos planetas gigantes gasosos.[7]
Observações: conjectura-se formas de “vida” baseadas em sistemas quânticos nos interiores até de estrelas, mas tal tipo de vida conjectural não nos interessa neste texto.
Posted by  on ago 31, 2010 in ArtigosCiência

Fonte: http://livrespensadores.net/artigos/vida-um-produto-do-universo-nao-um-milagre/

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